quarta-feira, 27 de março de 2019

É preciso refletir


O presidente da república Jair Bolsonaro (PSL) aos poucos vai revelando a sua posição pessoal e, protagoniza um possível grande desastre no Brasil, para as questões culturais e educacionais, ele, na condição de chefe do poder executivo não pode impor sua vontade para toda a nação composta de uma grande pluralidade, de muito contrastes.

Tudo bem ter opinião própria, todos nós temos, por isso, participamos, sem que ninguém nos coloque barreiras, de um seguimento religioso, somos espíritas, católicos, evangélicos, de matrizes africanas, e até de grupos fora do cristianismo, também participamos  de um movimento culturais: Sou do hip hop, da capoeira, da umbanda, candomblé,  e até de um partido político, PC do B, PSDB, PSL e até PT, etc.... também temos, pra muita gente, o poder de escolher a opção sexual, se hetero, trans., binário, drag queen entre outros. Portanto, nosso terreno brasileiro é fértil, não há unanimidade em nada, exceto quanto a proteção à vida, a não violência. Mesmo assim, nesse campo de proteção a vida temos controvérsia, caso do aborto, tem um grupo, que em nome de proteger o direito da mulher, defende o direito de decidir se o ser concebido pode ou não viver.

Portanto, não dá para, como presidente da república impor sua vontade, quando se está no governo de uma nação, não dá para agir na pessoa de presidente da república como um chefe de família, como um, pai de santo, como pastor ou padre, que tem a bíblia e também suas doutrinas próprias, que fazem parte da organização. O Brasil, tem essa diversidade, e tudo é regido por uma constituição, cujo texto nasceu de uma assembleia constituinte com representantes (pseudos?) do povo, não estamos num núcleo familiar, dentro de casa, até que podemos educar, tentar impor nossa posição pessoal, o presidente da república tem que sair de sua cozinha. Interessante é que é perceptível a diversidade na equipe de governo, o grupo governamental  parece dividido entre os que compactuam na totalidade com derrame de besteirol do presidente nas redes sociais e na imprensa, os que fingem concordar para manter a aparência e os que não se deixam levar pela onda, e, mesmo remoendo por dentro, se manter firmes, para quem sabe, em algum momento ter poder de decisão.

Tudo isso que descrevo é para sintetizar, que o presidente da república Jair Bolsonaro faz da nação brasileira uma extensão de sua casa, de seu grupo religioso, e às cegas, muita gente, compactua.
Agora não dá pra suportar calado e nem entender, quando ele defende celebrar o dia 31 de março, quando nessa data, em 1964, foi instaurado o governo militar, com sucessivos movimentos de violência, tortura e morte de muitos brasileiros. Alguns tiveram que deixar o pais para não morrer ou serem presos e torturados.

O Porta Voz da presidência pronuncia em alta voz, do púlpito do planalto, que o presidente da república não vê golpe militar nessa ação de 1964. E daí, se ele acha que toda a história recente, contada, vivida por nós, não é mesma percebida por ele?

Ele pode, com sua formação militar, talvez partícipe dessa história, do lado dos algozes, ter a sua opinião, mas daí a, como presidente, impor isso à nação, é de fato no mínimo um crime. E quem morreu, quem foi torturado?

Aqui nem discuto as razões, se os militares estavam certos ou errado, se a ameaça do tal comunismo era eminente, não! isso nem importa, o que importa, são as atrocidades cometidas, a violência empregada, digo mais, de ambos os lados, porque entre as vítimas, tivemos também violentos, mas não se pode aplaudir a violência, a tortura e morte de pessoas.

Partindo dessa visão digo, que o presidente, como formador de opinião pública, faz um desserviço a nação, e pode jogar por terra muitas conquistas.
Nota Pública
A Associação dos Defensores Públicos Federais (Anadef) manifesta repúdio à medida anunciada pelo porta-voz do Palácio do Planalto, que confirmou a recomendação do presidente Jair Bolsonaro para atos em comemoração ao Golpe Militar, no próximo dia 31 de março. 
Para os defensores públicos federais, que atuam na garantia dos direitos humanos, a decisão do Governo é um estimulo grave ao ódio e à tortura. Celebrar a data é ignorar a dor de dezenas de brasileiros, é retroceder aos direitos conquistados sob a morte daqueles que lutaram por um País livre, entre eles índios, sindicalistas e líderes rurais e religiosos, desaparecidos e assassinados durante o triste período da ditadura militar.
Temos apreço e respeito às Forças Armadas que têm como seu papel institucional garantir e preservar os poderes constitucionais. No entanto, sob a pretensão de exaltar o Exército Brasileiro, a comemoração do golpe de 64 celebra um momento em que o papel das Forças Armadas foi deturpado e corrompido. O golpe de 64 representou uma violação profunda do Estado Democrático de Direito, inaugurando um período em que a tortura, a violência e a perseguição política foram institucionalizados no Brasil.
Em nome daqueles que sofreram e ainda sofrem a dor dos dias marcados pela ditadura militar, rechaçamos qualquer manifestação no sentido de reconhecer a data além do que ela estritamente representa: um dos períodos de maior sofrimento na história do País.

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