quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Clínica Odontológica faz propaganda de promoção e contraria conselho regional

Uma Clínica odontológica se instala em Iporá com práticas que contraria o Conselho Regional da categoria. A primeira transgressão observada pelo conselho foi a propaganda distribuída em um panfleto jogado de avião no último sábado dia 23 de janeiro, fato que irritou muitos moradores. Outra transgressão apontada pelo conselho são os preços anunciados, em valores bem abaixo do normal no mercado uma extração por exemplo é feita com valores a partir de 10 reais, uma obturação por 12 reais entre outros valores. Trata-se da COP, Clínica Odontológica do Povo.

O presidente do Conselho Regional de Odontologia Anselmo Calixto-CROGO-2137 compareceu nos estúdios da Rádio Rio Claro e fez um alerta para a população, informando que essa prática da publicidade de preços e gratuidade fere o código de ética e colocou em dúvida a qualidade dos serviços prestados nessas clínicas ditas populares. O Gerente de Fiscalização do conselho Wilton Alves de Brito-CROGO-3560 diz que há propaganda enganosa , ja que os preços anunciados não são compatíveis com os cobrados na realidade. Secretário do Conselho, Jean-Jacques Rodrigues-CROGO-5215 pediu a população para se informar no conselho (62) 4006 7500.
A partir da fiscalização e da costatação das irregularidades o Conselho informa que procura a Delegacia de Polícia para registrar uma ocorrência denunciando os profissionais pelo exercício ilegal da profissão e a denúncia também foi feita na secretaria de finanças do municpipio para impedir a atuação.
Representantes da Clínica negam que sejam ilegais, informam que anunciam valores a partir de e significa que os valores podem ser alterados. Concordam que não estavam ainda com o alvará expedido, mais que o pedido já havia sido feito. Alegam ainda que cobram valores menores porque diminuem a margem de lucro para atender a população carente.

Sindicato Rural de Iporá Diorama encaminham doações



Iporá é muito solidário e sempre contribui quando solicitado. Assim é a conclusão a que chega Baltazar Macedo, (foto) um dos diretores da entidade.
Na campanha anterior , o show com João Neto e Fedrerico foram arrecados 17 mil quilos de alimentos e agora, não se tem números exatos, mais se percebe uma montanha de doações.
A ACCI, associação de combate ao Cancer de Iporá também fez a sua campanha e a arrecadação foi muito boa. No início da noite do dia 28 de janeiro os alimentos foram levados para Goiânia.

Religiosos Passionistas abraçam a cruz em Luziânia

Não é fácil a vida para quem de fato se preocupa com o próximo e se põe em missão, deixando tudo para trás. Um exemplo disso acontece em Luziânia, cidade no entorno de Brasília que vive um caos. A insegurança virou o assunto do dia e da hora. O medo passou a dirigir os passos de muita gente lá, informa Padre Célio Amaro, que por muitos anos foi pároco em Iporá e hoje está nesta cidade. Informa o religioso passionista que junto aos assaltos, roubos, assassinatos, se soma agora o desaparecimento de 6 jovens. E tudo isso num período de 23 dias. (27-01-2010)
Ontem dia 26, Padre Célio Amaro junto com o grupo de religiosos passionistas participou de uma reunião com os delegados local e regional da Polícia Civil, diz ele que muitas perguntas são feitas e poucas respostas obtidas. Mães continuam a chorar seus filhos.
Padre Célio Amaro e os religiosos passionistas abraçam a Cruz de Cristo e de São Paulo da Cruz, fundador a congregação e continua firme a luta pela vida.
Um texto do religiosos nos trás uma reflexão para o Momento. Vale a pena ler.
A Paz como condição de vida

- Célio Amaro -


Introdução
Nos últimos tempos, de forma mais intensa, estamos sendo desafiados em nossa fé. Num cenário de violências, desaparecimento de nossos adolescentes e jovens, chantagens e mortes, somos convocados/as a fazer ecoar a palavra de Jesus: “A paz esteja com vocês” (Jo 20,19). Vejo que, neste cenário, estamos correndo o sério risco de acreditar que a paz é uma utopia muito distante de nós e, na pior das hipóteses, acreditar que o jeito é acostumar com a violência. E assim, naturalizar o absurdo.

Minha trajetória de vida

Falar de paz, ou sobre a paz, é falar sobre a pessoa humana, seus propósitos, suas relações. Enfim, é falar sobre sua existência. Paz não é algo fora da pessoa. Não é uma teoria abstraída a partir de experiências laboratoriais. A paz é vida humana e da natureza com todas as suas implicações e relações. Por isso, quando parei para refletir sobre o conteúdo desta nossa partilha, precisei voltar para a minha própria vida. No início relutei bastante. Talvez seja pelo medo de expor fatos, acontecimentos particulares da minha vida. Mas logo me convenci de que somente esse caminho me ausentaria de maiores equívocos nesta nossa partilha sobre a paz.

Quando fazia a 7º e 8º séries (hoje 8º e 9º ano), comecei a me interessar mais por um outro tipo de leitura. Gostava de ler biografias e outros escritos sobre os grandes líderes revolucionários. Homens e mulheres que imprimiram um jeito bom de viver! Encantavam-me, e ainda encantam, Che Guevara, Martin Luther King, M. Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Dom Oscar R. Romero (1980), Alexandre Vanucchi (Este jovem estudante da USP morto em 1973 pela polícia, que só entregou o seu corpo seis dias depois para a sua família alegando que na fuga ele fora atropelado por um caminhão. Fato que a história desmentiu tempos depois). Encantavam-me, igualmente, Frei Tito (1974), João Bosco Burnier (1976), Santo Dias, operário de 37 anos, morto em 1979, Vilmar de Castro...

Infelizmente estes últimos são pouco conhecidos por nós. A “História Oficial”, envergonhada pela barbárie praticada, se encarregou de “apagar” suas existências. O exemplo, contudo, dessas pessoas, me fez reorganizar profundamente minha vida e vocação. Procurei o seminário para ser padre, talvez para alargar as possibilidades de fazer acontecer em minha vida algo dessa gente. Até hoje sei que pouco, ou quase nada eu fiz. Mas mantenho os olhos fixos no ideal inicial. Mantenho os olhos fixos neles/as.

Já durante a Faculdade de Filosofia, procurei ser o que ela, em essência, significa: Amigo da Sabedoria. Busquei não ter uma mera existência. Mas uma vida com significados.

Durante a Faculdade de Teologia, procurei enxergar a amplitude dessa ciência, fazendo uma releitura de uma primária catequese recebida, dos princípios e valores presentes, até então, em minha prática religiosa. Aprendi que teologia não é apenas uma interpretação etmológica da palavra TEO-LOGIA, mas uma compreensão e relação maior com a divindade que chamamos Deus.

Com este breve histórico, reafirmo que é de grande responsabilidade falar sobre a paz. Quem fez um caminho, por menor que seja, não pode se colocar numa postura de neutralidade. No caminho presenciamos fatos, pessoas, etc. Assim, tornamos-nos, necessariamente, testemunhas oculares. Portanto, a história dos envolvidos no caminho passa a ser também a história da minha vida.

Alguns apontamentos:
De que estou falando, quando falo de paz? A paz não é um instrumento para acabar com a guerra, mas é uma condição existencial de todo ser humano. Quem está em paz, vive!

Encarar a paz como instrumento, equivale dizer que ela é exterior a nós. Portanto, uma ferramenta a ser usada em determinada época, ou situação e que, logo em seguida, poderá ser desprezada. Passada a situação, guarda-se o instrumento. Diria que paz vem de dentro para fora. Deveria ser inerente ao ser humano para que pacificado, pacifique a Criação inteira.

Nessa compreensão, me convenço de que é preciso pacificar os desejos, os projetos e os valores que defendo. É preciso pacificar meus afetos. Pacificar-me pacificando as pessoas que amo.

A verdadeira paz faz a pessoa oferecer tudo o que tem. E quando parece não restar mais nada, oferece o próprio corpo. Vejamos o exemplo da Irmã Dorothy e de outros tantos mártires...

Aqui, tomo a liberdade de homenagear esta grande e pacificadora mulher, Irmã Dorothy:

IRMÃ DOROTHY

Voz feminina misturada às coisas da terra.
Esforço para falar a linguagem de cada gente.
Trilhas, milhas de histórias
Na trajetória o peso da religião,
da igreja e da instituição.
Na bagagem, a profecia de vencer pra partilhar.
Partilhar rompendo cercas e divisas.
Multiplicando as mãos que tocam a terra.
Sonho trazido de outro continente,
Misturado aos sonhos das gentes de cá.

De repente, ouve-se um som diferente.
Não é de enxada, foice ou facão.
Nem tão pouco de pássaros,
Ou de crianças brincando...

O som se repete uma, duas... várias vezes.
O fruto se rompe.
Na terra um corpo humano, feminino,
estirado, perfurado.

Em poucos instantes já está sendo velado.
Velado, vigiado pra preservar a memória.
Sepultado volta à terra:
causa das andanças, dos sonhos e da entrega.
Agora aconchego eterno.
Voltou a ser semente...

Corpo semente
Fruto rompido
Verdade afirmada.

Desafiando a morte e seus aliados, lembramos: “O Reino de Deus é como uma pessoa que espalha a semente na terra. Depois ela dorme e acorda noite e dia, e a semente vai brotando e crescendo, mas a pessoa não sabe como isso acontece. A terra produz fruto por si mesma: primeiro aparecem a folhas, depois a espiga. Quando as espigas estão maduras, a pessoa corta com a foice, porque o tempo da colheita chegou.” (Mc 4,29b-29)
E é esta a nossa esperança e consolo...

Paz implica a superação de uma visão mecanicista da natureza, para uma Visão Holística e Ecológica. Na busca dessa superação nos perguntamos: Quais os novos paradigmas para o nosso tempo e para as nossas práticas?

Fritjof Capra em seu livro “O ponto de mutação”, afirma: “Um sinal impressionante do nosso tempo é o fato de as pessoas que se presumem serem especialistas em vários campos já não estarem capacitadas a lidar com os problemas urgentes que surgem em suas respectivas áreas de especialização. Os economistas não são capazes de entender a inflação, os oncologistas estão totalmente confusos acerca das causas do câncer, os psiquiatras são mistificados pela esquizofrenia, a polícia vê-se impotente em face da criminalidade, e a lista vai por aí afora” (p. 22 e 23).

Com isso muitos estão afirmando, mesmo que parecendo paradoxal, que o “armário de idéias está vazio”. Essa constatação coloca em cheque a máxima do filósofo Descartes: Cogito, ergo sum (= Penso, logo existo). Hoje parece que essa máxima precisa ser parafraseada por “Promovo a Paz, logo vivo ou, logo existo”.

A existência digna está condicionada a uma postura de paz. Na ausência dessa, se mata, rouba, destrói... Não que a paz seja algo mágico, devoradora dos conflitos. Entendo que paz não é necessariamente ausência de conflitos, mas condição harmônica para resolver situações desarmônicas.

Dessa forma não nos resta outra saída senão compactuar, todos nós, na construção de uma Cultura da Paz, pois não se constrói a paz com uma postura apática ou neutra diante dos acontecimentos. Quando o povo diz que “a união faz a força”, está expressando uma verdade sociológica. (Frei Betto). “Um mais um é sempre mais que dois”, já cantava Beto Guedes... Sem essa solidariedade básica, nenhum de nós estaria vivo. Perceber o quanto dependemos uns dos outros para estarmos seguros é um importante passo para a construção e defesa da paz.

Mas infelizmente ainda hoje se escrevem livros da História assinalando etapas a partir de guerras e revoluções. O ideal seria assinalar a História a partir de movimentos que levaram o povo a empenhar-se em favor do bem comum e da redenção dos marginalizados e esquecidos pela sorte.

Postos até aqui, podemos nos perguntar: O que fazer para reorientar as gerações para novas posturas de vida? Talvez uma das respostas seria organizar situações onde as pessoas possam experimentar condições de paz; reunir, discutir, superar credos religiosos, etc, para juntos, analisar os fatos da realidade e apontar saídas, alimentando os sonhos e desejos. Acredito que de fato a promoção da paz no mundo é intrinsecamente ecumênica e inter-religiosa. E mais, nos dias de hoje a paz já não é tarefa nem privilégio de uma classe, muito menos responsabilidade única de autoridades.

Por fim, já que somos pessoas de fé, não nos esqueçamos que a religião só é autêntica enquanto mantém despertada a consciência humana. Na hora em que é instrumentalizada, ela perde o direito de ser chamada religião. Ademais, esperamos que hoje nossas Igrejas não promovam a guerra entre si, mas no exercício da escuta da Palavra de Deus - que passa de forma muito privilegiada pela garganta sufocada dos pequeninos e pequeninas - promovam a PAZ.