domingo, 12 de novembro de 2017

2017 Chuvas trazem alívio à região Oeste de Goiás, mas especialistas alertam para crise hídrica estrutural

Córrego tamanduá em 12/11/2017

Chuvas trazem alívio à região Oeste de Goiás, mas especialistas alertam para crise hídrica estrutural

Rios voltam a correr e produção rural é retomada, mas degradação ambiental ainda ameaça abastecimento de cidades como Iporá, Arenópolis e São Luís de Montes Belos

As chuvas que caem com intensidade neste mês na região Oeste de Goiás trouxeram alívio à população urbana e ao produtor rural. Depois de um período de estiagem prolongada, os níveis de rios e córregos começaram a se recuperar, afastando temporariamente o risco iminente de desabastecimento nas cidades.

A melhora no regime de chuvas foi comemorada por agricultores, que voltam a preparar a terra para o plantio, e por moradores de cidades que, como Iporá, enfrentaram nos últimos anos graves problemas de falta d’água. No entanto, especialistas e lideranças locais fazem um alerta: a crise hídrica é consequência direta da degradação ambiental e requer ações imediatas e duradouras.

Mestre Waldir Specian a UEG debate essa situação.

“O problema não é só a chuva, é o que estamos fazendo com a água que temos”, afirma o professor Valdir Specian, mestre em Ciências da Engenharia Ambiental e docente da Universidade Estadual de Goiás (UEG) em Iporá. Para ele, o alívio momentâneo não deve mascarar a urgência de preservar nascentes, matas ciliares e mananciais. “A água é um direito de todos, mas também um dever de todos. Precisamos limitar o uso doméstico, recuperar áreas degradadas e proteger o que ainda resta”, reforça.

Valdir lembra que a ocupação irregular do solo, a destruição de nascentes pelo pisoteio de gado, a ausência de curvas de nível e a falta de respeito à reserva legal prevista na legislação ambiental são práticas que ameaçam o ciclo da água. “Estamos punindo a nós mesmos. A tendência, se nada for feito, é faltar água para o consumo humano, para os animais e para a produção de alimentos”, alerta.


Adailton Leite - Produtor rural deve preservar.

Histórico de crise

A realidade já deu sinais drásticos. Em 2017, cidades como Arenópolis, São Luís de Montes Belos, Fazenda Nova e a própria Iporá registraram desabastecimento. Em Iporá, toda a vazão do ribeirão Santo Antônio era desviada para abastecer a cidade, gerando tensão e protestos.

Na capital, Goiânia, o cenário também preocupa. O lago de Serra da Mesa, maior reservatório de água da América Latina, chegou a níveis críticos recentemente. O Rio Vermelho secou em algumas regiões, e os rios Anicuns e Meia Ponte enfrentam sérios problemas de vazão. “Estamos diante de uma crise anunciada. Só haverá resultado se começarmos agora a recuperar nascentes e matas ciliares. Isso leva tempo”, reforça o professor Valdir.

Advogado João Francisco sugere trabalho preventivo. 

Iniciativas locais

Diante do cenário, o Sindicato Rural de Iporá, Diorama e Israelândia iniciou em 2016 um programa de conscientização junto aos produtores. Segundo o presidente da entidade, o médico Adailton Leite, não se trata de culpabilizar o agricultor, mas de estimular ações corretivas. “O produtor rural não é o vilão, mas tem o dever de corrigir erros e recuperar áreas degradadas. É preciso unir forças”, afirmou.

Outro defensor da causa é o advogado João Antônio Francisco, que investe em um projeto de canalização do córrego Tamanduá, em Iporá. Para ele, o papel da SANEAGO (empresa de saneamento) é fundamental. “A empresa precisa assumir sua responsabilidade, investir em infraestrutura, criar reservas de água e intensificar campanhas educativas”, argumenta.

Sobre a perfuração de poços artesianos, o advogado faz um alerta: “Quem fura um poço resolve o seu problema imediato, mas esquece o coletivo. Precisamos pensar em soluções comunitárias e sustentáveis”.

Apesar da trégua momentânea trazida pelas chuvas, o consenso entre especialistas e lideranças é claro: ou o Estado e a sociedade assumem a responsabilidade ambiental agora, ou a falta d’água voltará com ainda mais força — e consequências.

 

AGONIA DO POVO, BRASIL, BRASILEIRO!



Num país onde a corrupção corre solta, onde a indignação da maioria do povo não é capaz de promover a recuperação do dano causado aos cofres públicos, onde a descoberta do crime não se transforma em punição, mas em benesses — como prisão domiciliar em mansões ou privilégios em prisões, com conforto de boa alimentação, entretenimento, banho de sol e coleguismo com os outros encarcerados —, não se pode levar nada a sério.

Um país onde o trabalhador paga o pato pelos crimes do colarinho branco, com leis severas criadas para beneficiar os ricos; um país onde se paga pela aposentadoria e talvez nunca se tenha direito a ela; um país onde os pobres são tratados com desdém nas filas de hospitais — aqui, não existe seriedade, nem esperança!

Aqui, igrejas, em nome de Deus, exploram o povo, constroem grandes templos, garantem conforto a quem deveria apenas servir e, em nome da liberdade religiosa, permite-se enganar o próximo, pois nunca haverá punição.

Aqui, na terra do faz de conta, a transparência é turva, a torpeza é garantia de futuro, o grito não ecoa, a fé engana e a vida vale apenas a bala da arma ou a sujeira da faca.

Revolução... Pra quê? Revoltar-se... pra quê? Recorrer a quem?

Aqui, os salvadores da pátria são algozes, os heróis são vilões, os santos são demonizados, e os sonhos, pesadelos!

Despertar-se, jamais! Acordar?... Não existe esperança na terra de ninguém. Aqui, a vida está sempre por um vintém. Aqui é terra de ninguém.

Pedro Claudio Rosa
Um ninguém na multidão
Iporá, Goiás, 12 de novembro de 2017


Se quiser, também posso sugerir uma versão ainda mais refinada para publicação formal ou literária. Gostaria?