domingo, 2 de janeiro de 2011

Estão matando o rádio no Brasil

O SUICÍDIO DO RÁDIO

Estão matando o rádio no Brasil

Por Pedro Claudio – 02 de janeiro de 2010

O rádio, que já foi o grande companheiro do povo brasileiro, está sendo empurrado para o abismo. Aos poucos, deixa de ser o veículo da informação imediata, da prestação de serviços, da companhia diária, para se tornar apenas mais um espaço ocupado por orações, pregações ou programações automáticas comandadas por computadores cada vez mais modernos.

Em nome da modernidade e da economia, muitas emissoras substituíram o comunicador de verdade por um sistema em rede, frio e distante. Finais de semana e feriados são tomados por transmissões padronizadas, sem vida, sem vínculo com a comunidade. Os fatos acontecem diante de nossos olhos e não são noticiados no rádio. Deixam tudo para a televisão, para os sites de internet, para os jornais impressos. O imediatismo, que sempre foi a alma do rádio, está se perdendo.

Hoje, em grande parte das emissoras, os locutores não comunicam mais: anunciam músicas, soltam gracejos, mas não estabelecem diálogo com o ouvinte. E de nada adianta satélite, sistema digital ou transmissão em rede se o rádio não falar da nossa vida, do nosso cotidiano, daquilo que realmente nos identifica.

Vamos recordar

Antigamente, o rádio era um espaço de interação genuína. O locutor vivia o dia a dia do produtor rural, da dona de casa, do comerciante. O ouvinte se sentia parte de uma família. Em Iporá, frases populares criadas por Lázaro Faleiro na Rádio Rio Claro ecoavam no cotidiano: “Sai do rabo do fogão, menino!” ou “Olha a hora, Celso Henrique!”. Simples, até piegas, mas divertidas e cheias de vida.

Nas manhãs de domingo, o programa Roda de Violeiro reunia a comunidade. O povo esperava ansioso pelos artistas locais, pelos sorteios, pela oportunidade de participar. Era o rádio pulsando, vivo, dentro das casas.

No jornalismo, os debates eram frequentes, as autoridades iam ao estúdio, respondiam às perguntas da população. Havia confronto de ideias, havia participação. Hoje, isso ainda existe, mas de forma muito mais rara e limitada.

Onde vamos chegar?

O rádio, especialmente no Oeste Goiano, ainda resiste e mantém grande penetração. Mas até quando? Se não houver mudanças urgentes na forma de se fazer rádio, se não houver a retomada da interação com o ouvinte, da valorização da informação e do entretenimento comunitário, esse veículo tão essencial pode se tornar apenas lembrança.

E aí, quando sentirmos falta, será tarde demais.