sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Rádio Rio Claro de Iporá (GO) 45 anos de história – 19 de dezembro de 2025

 Rádio Rio Claro marcou época ao movimentar Iporá com ações culturais, esportivas e sociais



A Rádio Rio Claro de Iporá, que completa 45 anos de existência no dia 19 de dezembro de 2025, construiu ao longo de sua trajetória uma história que vai muito além das transmissões radiofônicas. A emissora foi protagonista de inúmeras iniciativas que movimentaram a cidade e marcaram profundamente a vida social, cultural e comunitária da população.

Entre as ações promovidas pela rádio estão corridas de rua, gincanas entre estudantes, competições entre representantes de instituições, caminhadas acompanhadas por locução ao vivo e festivais musicais. Eventos que reuniam grande público e fortaleciam o sentimento de pertencimento e integração entre os moradores de Iporá.

Um jornal impresso da época registra um desses momentos históricos: o II Festival de Música Sertaneja de Iporá, promovido pela Rádio Rio Claro e realizado nos dias 22, 23 e 24 de maio, paralelo à festa tradicional da cidade.. O evento contou com a participação de duplas e trios do município e da região, com destaque para o Trio Horizonte, vencedor do festival. A expressiva presença popular consolidou o sucesso do certame, repetindo a boa repercussão da edição anterior.

O acervo histórico evidencia o papel da Rádio Rio Claro como agente cultural e social, atuando diretamente na promoção da arte, do lazer e da integração comunitária, indo além da informação diária.

Esse compromisso social também se manifestou em 1993, quando a emissora participou ativamente da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, popularmente conhecida como Brasil contra a Fome, idealizada pelo sociólogo e ativista Herbert de Souza, o Betinho. A Rádio Rio Claro mobilizou a comunidade em campanhas de doação, arrecadou alimentos e ajudou na formação de cestas básicas, integrando um dos maiores movimentos sociais já registrados no país.

Após 45 anos de história, a Rádio Rio Claro permanece como um dos principais símbolos da memória, da identidade e do desenvolvimento social e cultural de Iporá.

História da Rádio Rio Claro de Iporá (GO) 45 anos de história – 19 de dezembro de 2025

 


Um veículo de comunicação exerce papel essencial na formação e construção de uma sociedade. Muito do modo de viver, pensar e agir de uma comunidade nasce daquilo que ela ouve — das orientações, das informações e das vozes que ecoam pelo rádio.
 


Em Iporá, no Oeste de Goiás, um desses marcos é a Rádio Rio Claro, cuja trajetória se confunde com a própria história da cidade, acompanhando gerações e registrando momentos decisivos da vida local.

 As origens da Rádio Rio Claro

 

A Rádio Rio Claro AM Ltda foi inaugurada em 1980, fruto da iniciativa de dois visionários: o empresário Sebastião Alves Cruvinel e o político Adjair de Lima e Silva.

Sebastião Cruvinel destacou-se no ramo de eletrônicos e, posteriormente, no comércio de móveis, com a fundação da loja SAINEL, em 7 de novembro de 1969. A empresa manteve suas atividades até 18 de setembro de 1991. 

Adjair de Lima e Silva, advogado e economista, nasceu em Iporá em 7 de dezembro de 1943. Teve uma trajetória pública marcante: foi deputado estadual pela ARENA entre 1979 e 1983, secretário de Estado da Educação e Cultura no governo Ary Valadão (1980–1983) e, anos depois, secretário da Fazenda no Estado do Tocantins e na Prefeitura de Palmas, entre 2005 e 2008.

Unidos pelo ideal de dar voz à cidade e criar uma emissora de referência regional, buscaram um profissional com experiência em radiodifusão. Encontraram, em Mineiros (GO), o jovem Olívio Lemos Pereira Filho, que aceitou o desafio de montar a rádio do zero em Iporá. Assim nascia a Rádio Rio Claro.

A montagem da emissora e a estreia no ar

Olívio Lemos recorda que a rádio passou por cerca de 30 dias de preparação, mesmo antes de entrar oficialmente no ar. Durante esse período, a equipe recebeu treinamento intensivo.

“Na época, contratamos o senhor Manoel Pereira Nobre para a segurança — ele era o guarda da SAINEL e também da rádio”, lembra Olívio.

“O locutor chegava às 5h da manhã e ficava até as 8h, mesmo sem a emissora estar transmitindo. Depois eu assumia das 8h às 11h, e até o meio-dia havia um programa musical, seguido do famoso jornal ‘12ª Hora’. Tudo funcionava como se já estivéssemos no ar.”

 

Quando, finalmente, em 19 de novembro de 1980, a Rádio Rio Claro entrou oficialmente em operação, a reação da população foi imediata.

 

“Muitos ligaram perguntando como era possível, já que as vozes eram daqui, mas pareciam profissionais experientes. A admiração foi grande — fruto do nosso treinamento e dedicação”, conta Olívio.

 

A rádio rapidamente se tornou parte da vida da cidade.


“Foi propulsora de coisas magníficas. As pessoas dedicavam músicas umas às outras, iniciavam namoros e dali surgiram muitos casamentos. A Rádio Rio Claro ajudou a formar muitas famílias.”

 

A chegada da Igreja Católica

 

Com o passar dos anos, a emissora se consolidou como o principal veículo de comunicação da região. Em 1992, a Diocese de São Luís de Montes Belos, em parceria com a Congregação Redentorista de Goiás (C.Ss.R), adquiriu a Rádio Rio Claro.

 

A emissora deixou de ser uma empresa Ltda e passou a integrar o sistema de comunicação católico regional.

 

O interesse da Igreja nasceu do olhar visionário do Padre Wiro, religioso passionista holandês, que já utilizava um espaço diário de 15 minutos na emissora para evangelização. Ao saber da possibilidade de compra, ele procurou o então bispo diocesano, Dom Washington Cruz, e, com o apoio dos Redentoristas — já responsáveis pela Rádio Difusora de Goiânia —, reuniu recursos para concretizar o projeto.

 

Com isso, foi criada a Fundação Dom Stanislau Van Mellis, em homenagem ao primeiro bispo da diocese, grande entusiasta da comunicação e sonhador de um meio de evangelização popular.

 

Entre os pioneiros dessa nova fase estiveram João Izá de Souza, Romildo Pereira Silva, Paulo Telesse e Danilo Oliveira, que permanecem até os dias atuais, além dos padres Everson Faria de Melo, Rafael Vieira, Fábio Bento, Jesus Flores e César Moreira, de São Paulo, que colaborava ativamente, mesmo à distância.

 

Em um guia institucional sobre a emissora, o Padre Rafael Vieira escreveu a frase que sintetiza a missão da rádio:

 

“Comunicar promovendo comunhão.”

 

E foi exatamente isso que a Rádio Rio Claro passou a fazer: acompanhar o homem e a mulher do campo, o cidadão urbano, promovendo formação, informação e entretenimento.

 

O rádio e a voz da cidade

 

Durante muitos anos, a Rádio Rio Claro foi o único veículo de comunicação de massa em Iporá. Além dela, a Igreja mantinha um serviço de som instalado na torre da Igreja Matriz, por onde eram transmitidos avisos à comunidade.

Havia também o boletim comunitário escrito pelo Padre Wiro, a propaganda volante que circulava pelas ruas e até um sistema de som na rodoviária — formas simples, mas fundamentais, de comunicação local. 

Ignorar a importância da Rádio Rio Claro é deixar uma lacuna na história de Iporá. A emissora foi — e continua sendo — um espaço de informação, debate e identidade cultural. 

O jornalismo sempre foi a alma da rádio, presente em eventos sociais, inaugurações, eleições, jogos esportivos e debates políticos, formando gerações de comunicadores.

 

Profissionais que marcaram época

O pioneiro Olívio Lemos foi uma referência, lembrado pela exigência e pelo estilo firme, moldando o profissionalismo e a qualidade da programação que marcaram época.

Ao seu lado atuaram nomes importantes como Ademir Lima (irmão de Adjair de Lima), Roberto Lopes, Valteir Dias dos Santos, Vilton Pereira, Valdeci Pereira Borges, Donizete Pontes, Altamiro Veloso, Edson Rodrigues, Genuison Batista, Lázaro Faleiro de Miranda, Celso Henrique, Rosângela Eduardo, entre outros. 

Da fase iniciada em 1987, destaca-se Pedro Cláudio, que permanece até hoje, em 2025, atuando no jornalismo da emissora.

 

Os novos tempos e os desafios atuais

 

Durante décadas, a Rádio Rio Claro manteve uma estrutura jornalística sólida, com equipe de repórteres, unidade móvel e presença constante nas ruas.

Essa fase se estendeu até meados de 2023, quando uma nova gestão adotou um formato mais enxuto, concentrando funções em menos profissionais e reduzindo o tempo de jornalismo local a 30 minutos diários, além de boletins informativos.

Essas mudanças refletem um fenômeno mundial: o impacto das redes sociais e da internet sobre as rádios tradicionais. A audiência se fragmentou, os custos aumentaram e muitas emissoras precisaram se reinventar.

Mesmo assim, a Rádio Rio Claro mantém sua relevância, sendo a única emissora comercial de Iporá, ao lado de uma rádio comunitária e outra educativa, ambas com funcionamento e faturamento limitados por lei.

 

A presença da Igreja e o legado

 

Atualmente, a emissora segue sob a responsabilidade da Diocese de São Luís de Montes Belos, presidida por Dom Lindomar Rocha Mota.

 

A gestão conta com o Padre Wallison, responsável pela administração econômica, e com diretores locais em cada cidade. Em Iporá, o Padre José Moreira, pároco da Paróquia Imaculada Conceição, foi convidado e aceitou a missão de dirigir a Rádio Rio Claro. Nessa nova fase, a emissora já contou com a direção de João Izá, Diácono Manoel Messias, Diácono Carlos Alberto e Lidiane Oliveira.

Além da Rádio Rio Claro, fazem parte da rede diocesana as rádios Vale da Serra, em São Luís de Montes Belos, e Serra Azul, em Caiapônia.

 Patrimônio histórico e afetivo de Iporá

 

Mais que um meio de comunicação, a Rádio Rio Claro é um patrimônio histórico e afetivo de Iporá. Um pedaço vivo da memória coletiva, que ajudou a formar a identidade da cidade e que ainda hoje resiste, adaptando-se aos novos tempos sem perder sua essência: informar, formar e acompanhar a comunidade.