Taxação dos EUA contra o
Brasil levanta dúvidas e conexões políticas inusitadas
Por Pedro Cláudio
12 de julho de 2025
A recente decisão do
ex-presidente americano Donald Trump de anunciar medidas tarifárias contra o
Brasil surpreendeu até mesmo os analistas mais experientes. O movimento,
aparentemente econômico, carrega uma nuvem de incertezas e levanta suspeitas
sobre motivações políticas ocultas — especialmente ao se observar que Trump, em
seus discursos, tem colocado o ex-presidente Jair Bolsonaro como figura central
de defesa, como se o Brasil estivesse agindo de forma injusta contra ele.
É difícil entender a
lógica por trás dessa retaliação comercial. Há quem diga que Trump está mal
informado sobre o contexto brasileiro, especialmente sobre o processo judicial
que envolve Bolsonaro. Mas essa hipótese parece fraca. Trump, ainda que polêmico,
costuma agir com estratégia — ou pelo menos com base em um cálculo político. É
mais plausível pensar que há algo maior em jogo.
No Brasil, apesar das
críticas constantes às instituições, o Judiciário mantém sua independência. O
presidente Lula, mesmo que quisesse atender a um pedido de Trump em favor de
Bolsonaro, não teria meios legais ou institucionais para intervir. A situação
de Bolsonaro é clara: ele enfrenta acusações sérias de violar a lei,
especialmente ao não aceitar o resultado das eleições e por espalhar
desinformação sobre as urnas eletrônicas sem qualquer prova concreta.
A postura de Trump,
portanto, parece ser menos sobre justiça ou verdade e mais sobre sinalização
política a seus próprios apoiadores — especialmente considerando que Bolsonaro
é visto por muitos como um aliado ideológico nos moldes do “trumpismo tropical”.
Essa aliança entre os dois, ainda que simbólica, parece render frutos nas
estratégias eleitorais de Trump, que já está em campanha.
Economistas e analistas
internacionais destacam ainda outro ponto que não pode ser ignorado: o avanço
dos países do Brics e a tentativa de construção de uma nova ordem econômica
mundial. Nesse cenário, os Estados Unidos se sentem pressionados por uma possível
perda de influência global. Países como China, Rússia, Índia, Brasil e África
do Sul — e os novos membros que vêm se juntando ao bloco — começam a ensaiar
uma autonomia em relação ao dólar, aos mercados ocidentais e aos centros de
poder tradicionais.
A taxação, portanto, pode
ser uma forma de aviso: um gesto agressivo que busca manter o Brasil e outros
países do Sul Global sob vigilância e pressão, dificultando movimentos que
ameaçam a hegemonia americana.
No fim, tudo parece parte
de um jogo geopolítico maior, onde interesses econômicos, alianças ideológicas
e estratégias eleitorais se misturam. Ainda assim, paira a dúvida: será que
Trump realmente acredita nas narrativas que defende? Ou tudo faz parte de um
plano mais amplo, pensado e executado com objetivos muito além das aparências?
Seja qual for a resposta,
é um momento de alerta — e de análise cuidadosa — tanto para o Brasil quanto
para o mundo.