Oração da Rocha Solta
Por Pedro Claudio Rosa
Minha oração, ó Deus,
não é por ouro, nem por trono,
nem por nome em pedra ou história em bronze.
Peço sabedoria —
mas não aquela que impõe, que se ergue sobre ombros alheios,
e sim a que me permite ser eu, inteiro e silencioso,
sem coroas, sem correntes, sem máscaras.
Peço sabedoria para não ser conduzido por cordas invisíveis,
nem eu, condutor de vontades alheias.
Que eu não me perca em jogos de poder,
nem use meu saber para escurecer o outro.
Que em mim, a ignorância se curve
diante da luz da inteligência —
não para me elevar,
mas para enxergar além do espelho.
Minha fé, Senhor,
não seja cegueira vestida de devoção,
mas visão serena,
que compreende o invisível sem desprezar o tangível.
Que eu creia com razão, e raciocine com coração,
sem ceticismo árido,
mas também sem uma fé opaca que se fecha ao mundo.
Na vida, não quero ser vassalo, nem suserano.
Não quero títulos, nem bandeiras.
Nem capitalista, nem comunista,
nem príncipe, nem súdito.
Quero ser apenas o que sou:
uma rocha solta no universo,
um fragmento que busca se encaixar,
não em sistemas, mas em você.
Minha oração é por paz —
a paz de quem nada domina,
mas se reconhece parte do Todo.
Seja feliz.
E se puder, leve-me contigo —
não como servo, não como mestre,
mas como presença.
Apenas presença.
Iporá Goiás,04 de maio de 2025.