VAIDADE: O GRANDE PROBLEMA DO SER HUMANO
Imagem ilustrativa
Por Pedro
Claudio — 27 de novembro de 2025
A vaidade
sempre rondou o coração humano. Infiltra-se silenciosa, disfarçada de zelo,
vocação e desejo de servir; mas, quando olhamos com profundidade, percebemos
que muitas vezes não buscamos servir — buscamos aparecer. A missão religiosa,
que deveria ser oferta, torna-se palco. A Palavra, que deveria ser pão
partilhado, transforma-se em instrumento de projeção pessoal. Se não estamos no
púlpito, se não conduzimos a reflexão, se não somos ouvidos, tudo parece perder
o sentido. E é nesse ponto que, sem perceber, deixamos de anunciar Cristo e
passamos a anunciar a nós mesmos.
O coração
vaidoso quer ser protagonista. Não suporta o anonimato, tem dificuldade em ser
discípulo — prefere o trono ao banco da assembleia. Porém, o Evangelho recorda
que o Reino de Deus não é lugar de disputa, mas de serviço. Jesus nos adverte:
"Quem
quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que vos serve."
(Mc 10,43 — Bíblia CNBB)
A vaidade
gera competição. Julgamos quem fala, disputamos o microfone, interrompemos para
mostrar que sabemos mais, buscamos títulos — padre, diácono, ministro da
Palavra, pastor — como quem busca coroa. Queremos ser senhores, não servos;
mandar, não ouvir.
No entanto, o Evangelho apresenta outro caminho. O Senhor não chamou vencedores
de disputas, mas homens e mulheres capazes de amar e servir.
O
Eclesiastes nos alerta com sabedoria antiga e sempre atual:
"Vaidade
das vaidades — diz o Eclesiastes — tudo é vaidade."
(Ecl 1,2 — Bíblia CNBB)
E São
Paulo nos exorta a abandonar a lógica do orgulho:
"Nada
façais por ambição ou vaidade, mas, com humildade, cada qual considere os
outros superiores a si próprio."
(Fl 2,3 — Bíblia CNBB)
A
humildade não é humilhação — é verdade. É reconhecer que não somos o centro —
Deus é. É perceber que o que arrasta multidões não é o discurso inflamado, mas
a vida coerente. O testemunho silencioso converte mais do que as palavras
decoradas. Aprender a ouvir é tão divino quanto saber falar. E quem aprende
ouvindo, ensina melhor quando fala.
À porta
do Advento, tempo de espera e recolhimento, somos convidados a revisitar o
coração. O Natal se aproxima — e Ele virá. Não em palácios, mas em uma
manjedoura. O Deus que podia nascer em trono escolheu a palha. Ele nos convida
a descer, não a subir.
"Tomai
sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração,
e vós encontrareis descanso para vossas vidas."
(Mt 11,29 — Bíblia CNBB)
Que este
final de ano seja tempo de revisão interior. Voltemos o olhar ao início de 2025
e nos perguntemos com sinceridade:
— Servi
mais ou apareci mais?
— Fui instrumento de paz ou de disputa?
— Busquei ser luz ou apenas ser visto?
Que o
Advento nos reencontre pequenos, simples e disponíveis. Que deixemos de querer
ser Deus para permitir que Deus seja Deus em nós. A humildade não é perder
espaço — é ganhar sentido.
Que a
graça nos encontre.
Que o orgulho se renda.
Que possamos aprender — e ensinar aprendendo.
Amém.
Por Pedro
Claudio — 27 de novembro de 2025


Nenhum comentário:
Postar um comentário