domingo, 26 de dezembro de 2010

Carregue a sua Cruz, alivie a cruz do irmão e será feliz


Final de ano, muitos desejos de prosperidade ao próximo. Mais o que é de fato prosperidade. Essa Teologia da Prosperidade pode não ser igual para todos. Para Alguns, muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender, como propaga o marketing. Para muitas pessoas o dinheiro vem em primeiro lugar, se esquecem do irmão mais necessidade, se esquecem do verdadeiro sentido do nascimento de Jesus. Ele mesmo diz que veio para servir, sua prioridade é o pequeno, ele veio para salvar o mundo do pecado e não para quem está em plena prosperidade. 
Então, vamos devagar  com o andor porque o santo é de barro. Vamos carregar a nossa cruz, vamos tentar ser feliz com a nossa cruz e colaborar para melhorar a vida do outro. Vamos viver para fazer o outro feliz e quem sabe assim não teremos a felicidade eterna. 
É assim que lhe desejo uma vida em plenitude, é essa a mina oração. 

É difícil detectar O Anúncio
Em meio a tantos anúncios que nos invadem.
Ainda existe natal?
Natal é a Boa Nova?
Natal é também Páscoa?

Sabemos que .
Sabesm que há lugar para todos,
Até para Deus...

O boi e a mula,
Fugindo do latifúndio,
Se refugiaram nos olhos desta Criança.

A fome não é só um problema social,
É um crime mundial
Contra o Agro-Negócio capitalista,
a Agro-Vida, o Bem Viver.

Tudo pode ser mentira
menos a verdade de que Deus é Amor
e de que roda a Humanidade
é uma só família.

Deus continua entrando por debaixo,
Pequeno, pobre, impotente,
Mas trazendo-nos a sua Paz.
A dona Maria e o seu José
Continua na comunidade.
Veva continua sendo tapiraté.
O sangue dos mártires
Continua fecundando a primavera alternativa.
Os cajados dos pastores
(e do Parkinson também),
As bandeiras militantes,
As mãos solidárias
e os cantos da juventude
continuam alentando a Caminhada.

As estrelas só se enxergam de noite.
E de noite surge o Ressiuscitado.
.
Em coerência, com teimosia e na esperança,
Sejamos cada dia Natal,
cada dia sejamos Páscoa.

Amém, Axé, Awire, Aleluia.

Pedro Casaldáliga
natal 2010, ano novo
(distribuída no Encontro dos Amigos do MST-GO, em 9/12/2010)


500 anos esta noite
                                                     Pedro Tierra

De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta 500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.

De onde vem essa mulher
que bate às portas do país dos patriarcas
em nome dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e fermentaram o pão.

De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas não se detém,
protegida pelas mãos aflitas dos pobres
que invadiram os espaços de mando?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.

Por minha boca de clamores e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa
para contar sob sol da praça
aos que nasceram e aos que nascerão
de onde vem essa mulher.
Que rosto tem, que sonhos traz?

Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.
Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso como centelha:
metal e flor, madeira e memória.

No continente de esporas de prata
e rebenque,
o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro e tirania
e lança luz sobre o rosto dessa mulher
que bate às portas do nosso coração.

As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.

Dilma se aparta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país

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