Final de ano, muitos desejos de prosperidade ao próximo. Mais o que é de fato prosperidade. Essa Teologia da Prosperidade pode não ser igual para todos. Para Alguns, muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender, como propaga o marketing. Para muitas pessoas o dinheiro vem em primeiro lugar, se esquecem do irmão mais necessidade, se esquecem do verdadeiro sentido do nascimento de Jesus. Ele mesmo diz que veio para servir, sua prioridade é o pequeno, ele veio para salvar o mundo do pecado e não para quem está em plena prosperidade.
Então, vamos devagar com o andor porque o santo é de barro. Vamos carregar a nossa cruz, vamos tentar ser feliz com a nossa cruz e colaborar para melhorar a vida do outro. Vamos viver para fazer o outro feliz e quem sabe assim não teremos a felicidade eterna.
É assim que lhe desejo uma vida em plenitude, é essa a mina oração.
É difícil detectar O Anúncio
Em meio a tantos anúncios que nos invadem.
Ainda existe natal?
Natal é a Boa Nova?
Natal é também Páscoa?
Sabemos que .
Sabesm que há lugar para todos,
Até para Deus...
O boi e a mula,
Fugindo do latifúndio,
Se refugiaram nos olhos desta Criança.
A fome não é só um problema social,
É um crime mundial
Contra o Agro-Negócio capitalista,
a Agro-Vida, o Bem Viver.
Tudo pode ser mentira
menos a verdade de que Deus é Amor
e de que roda a Humanidade
é uma só família.
Deus continua entrando por debaixo,
Pequeno, pobre, impotente,
Mas trazendo-nos a sua Paz.
A dona Maria e o seu José
Continua na comunidade.
A Veva continua sendo tapiraté.
O sangue dos mártires
Continua fecundando a primavera alternativa.
Os cajados dos pastores
(e do Parkinson também),
As bandeiras militantes,
As mãos solidárias
e os cantos da juventude
continuam alentando a Caminhada.
As estrelas só se enxergam de noite.
E de noite surge o Ressiuscitado.
Em coerência, com teimosia e na esperança,
Sejamos cada dia Natal,
cada dia sejamos Páscoa.
Amém, Axé, Awire, Aleluia.
Pedro Casaldáliga
natal 2010, ano novo
(distribuída no Encontro dos Amigos do MST-GO, em 9/12/2010)
500 anos esta noite
Pedro Tierra
De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta 500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.
De onde vem essa mulher
que bate às portas do país dos patriarcas
em nome dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e fermentaram o pão.
De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas não se detém,
protegida pelas mãos aflitas dos pobres
que invadiram os espaços de mando?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.
Por minha boca de clamores e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa
para contar sob sol da praça
aos que nasceram e aos que nascerão
de onde vem essa mulher.
Que rosto tem, que sonhos traz?
Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.
Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso como centelha:
metal e flor, madeira e memória.
No continente de esporas de prata
e rebenque,
o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro e tirania
e lança luz sobre o rosto dessa mulher
que bate às portas do nosso coração.
As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.
Dilma se aparta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país
Nenhum comentário:
Postar um comentário