sexta-feira, 26 de setembro de 2025

A imprensa de ontem e o faz de conta de hoje

 

A imprensa de ontem e o faz de conta de hoje

Por Pedro Cláudio – Iporá (GO)

26 de setembro de 2025

Sou da época do jornalismo factual. Daquele tempo em que notícia só era publicada depois de checada, confirmada por fontes confiáveis e, ainda assim, nos deixava sob risco de responder judicialmente por qualquer deslize. Erros grotescos ou inocentes tinham peso, e a responsabilidade era enorme. O jornalismo era tratado com seriedade, e tudo era levado a sério.

Hoje a realidade é bem diferente. É verdade que existem reguladores, mas nem de longe se compara com os anos 80, 90 e início dos anos 2000. O que vemos atualmente é a multiplicação de veículos improvisados: basta um celular para montar uma TV web, ficar à espreita de sessões da Câmara, de um jogo de futebol ou de um acidente nas ruas, e pronto, já se considera imprensa.

Da mesma forma, quem contrata um serviço de streaming se intitula dono de uma rádio. Quem abre um site, escreve algumas linhas, tira fotos e publica na internet já é chamado de imprensa — muitas vezes, até elogiado em eventos públicos como se exercesse jornalismo de fato. Mas será mesmo?

O que percebo é muito mais marketing e propaganda do que jornalismo. Há um simulacro de imprensa que cresce, sustentado por aparências e pela facilidade tecnológica. A seriedade cedeu espaço à autopromoção.

Até quando isso vai durar? Não sei. A formação cultural e educacional do nosso povo não permite prever com precisão. O que parece certo é que apenas os efeitos práticos — a falta de credibilidade, a desconfiança e o desgaste social — poderão frear essa onda de faz de conta que insiste em se vestir de jornalismo na sociedade atual.

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