Reflexão – Domingo, 21 de Setembro de 2025
“A fé que
liberta de verdade”
Domingo.
Dia de silêncio interior, de encontro com Deus e também de perguntas. Sempre me
pego pensando: por que creio? Por que me dedico à oração? O que, no fundo, eu
busco?
A fé não
deve ser cega, tampouco automática. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina
que a verdadeira fé deve ser acompanhada de fortaleza, sabedoria e ciência. Por
isso, é natural — e até necessário — refletirmos sobre os porquês da nossa
existência e da nossa caminhada espiritual. Ter fé não exclui pensar. Pelo
contrário, a fé, quando verdadeira, amplia nosso entendimento.
Não falo
de dúvidas que paralisam, mas de questionamentos que conduzem ao crescimento.
Deus pode se revelar de forma sutil a uns e de maneira constante e palpável a
outros. E cada pessoa responde a essa presença divina com um estilo próprio: há
quem dedique todo o tempo, sacrifique conforto, família e recursos pessoais em
nome de um ideal de salvação. São expressões legítimas de uma fé vivida com
intensidade.
Mas, às
vezes, me vem à mente aquela frase famosa: “A religião é o ópio do povo”,
escrita por Karl Marx. Seria mesmo? Quando vemos manipulações e massas
conduzidas ao erro em nome da fé, parece que sim. Mas, ao mesmo tempo, a religião
também ordena comportamentos, inspira o bem, e motiva grandes transformações
pessoais e sociais. Tudo depende do que fazemos com aquilo que recebemos. Por
isso, é preciso discernimento. E cautela.
Na missa
do 25º Domingo do Tempo Comum, o Papa Leão XIII disse: “Servir a Deus nos
liberta da escravidão da riqueza.” Um alerta importante. O dinheiro, quando
mal usado, pode se tornar uma arma — ele oprime, monopoliza, humilha. Padre
Rafael Vieira, redentorista, reforça esse pensamento ao afirmar que o verdadeiro
ensinamento do Evangelho é o uso correto dos bens: o dinheiro deve servir ao
bem das pessoas, e não criar castas privilegiadas ou aprofundar desigualdades.
Assim,
acredito com convicção: a fé liberta de verdade.
Liberta do egoísmo, da vaidade, da escravidão ao poder e ao consumo. Liberta da
pressa, do vazio, da desesperança. E, acima de tudo, nos reconcilia com o outro
e com Deus.
Que este
domingo seja um tempo de silêncio ativo: que pensemos, sim, mas que também
ouçamos. Que questionemos, mas que saibamos acolher as respostas que Deus nos
dá — ainda que em sussurros.

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