quinta-feira, 3 de julho de 2025

Crônica de um debate entre vozes inquietas


 

Crônica de um debate entre vozes inquietas
Por Pedro Cláudio

03 de julho de 2025. O cenário político brasileiro segue seu curso tortuoso, entre reformas que não reformam, narrativas que se anulam e uma população, como diria Emília Viotti na clássica obra Da Monarquia à República, “abestalhada” – atônita diante do espetáculo repetitivo do poder.

Foi nesse contexto que surgiu mais uma troca de ideias nas redes sociais entre mim e o professor e comunicador Valteir Santos. Ele publicou uma daquelas verdades incômodas que circulam pouco fora dos grupos engajados:

“O Congresso é um CLUBE DE MILIONÁRIOS!
93% dos deputados estão entre os 10% mais ricos do Brasil.
18% são super-ricos, donos de fortunas acima de R$ 50 milhões.
E só 7% representam os 90% do povo.
Enquanto isso, eles:
Liberam isenção pra jatinhos em 72 dias.
Liberam cassinos em 45 dias.
Cortam impostos de iates em 2 meses.
Mas a isenção no seu imposto de renda? 11 meses parada!
CongressoInimigoDoPovo
Quer mudar isso? Vote em quem luta pelo POVO.
Cobre o seu deputado, cobre o seu senador.
Exija a votação do PL 2741,
que isenta o IR sem cortar benefícios,
taxando os super-ricos.
Abra o olho. Não se deixe enganar!”

Li, respirei fundo e comentei, talvez mais com desalento do que com esperança:

“Valteir, e pelo jeito vamos continuar assim…
Parece que estamos presos num ciclo vicioso. Veja a dificuldade que é convencer os eleitores a mudar de opinião.
É como aquele cachorrinho com cócegas no rabo: gira, roda, se cansa tentando morder o próprio incômodo, mas não sai do lugar.”

É frustrante. A realidade que tentamos expor com dados, com argumentação sólida, parece competir com memes, manchetes inventadas, vídeos editados com má intenção — e perder.

A política virou entretenimento, torcida, meme e fake news. As redes sociais, muitas vezes intoxicadas por desinformação, convencem mais do que qualquer esforço de análise séria. É o mundo da pós-verdade: onde o “sentir” supera o “saber”, e onde a mentira repetida com raiva se impõe sobre o dado falado com calma.

E nós? Seguimos aqui, falando, resistindo, tentando provocar alguma reflexão. Mas, sinceramente, tem dias em que parece uma batalha contra moinhos de vento. A sensação de impotência nos visita — e com frequência.

Ainda assim, Valteir, seguimos. Porque, apesar de tudo, ainda acreditamos que pensar, mesmo que doa, é o primeiro passo para mudar.

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