sábado, 14 de setembro de 2019

Brasil em chamas: entre a crise ambiental e o colapso moral


Brasil em chamas: entre a crise ambiental e o colapso moral

Por Pedro Claudio Rosa – Licenciado em História, Jornalista, Radialista e Diácono Permanente na Igreja Católica Apostólica Romana

Vivemos tempos difíceis em todo o Brasil. Não bastasse a instabilidade política, a polarização ideológica, as reformas controversas — trabalhista, previdenciária —, e os escândalos que abalaram as instituições, como a Lava Jato e a Vaza Jato, o país ainda enfrenta um cenário alarmante de devastação ambiental. É fogo por todos os lados. Os meses de julho, agosto e setembro de 2019, no pleno século XXI, registraram uma onda de incêndios que consumiram grandes áreas do Cerrado, da Mata Atlântica e da Amazônia. A fauna e a flora sofrem; os rios secam. O país arde em chamas — literal e simbolicamente.

Em meio ao caos, até a rádio, meio de comunicação considerado por muitos obsoleto, transmite o clamor desesperado de líderes indígenas pela proteção dos Caiapós e de outras comunidades ameaçadas. A situação remete àqueles tempos antigos em que, na ausência de explicações científicas, buscava-se sentido nos desígnios divinos. Se estivéssemos na Idade Média, talvez tudo isso fosse visto como um castigo de Deus pelos pecados da humanidade.

Mas hoje, os estudiosos apontam causas bem mais concretas: o tempo seco, a ganância desmedida, o avanço descontrolado do agronegócio e o uso político do fogo, inclusive como instrumento de pressão e desestabilização. Fato é que o ser humano — esse ser racional — parece ter abdicado da razão. Vivemos um tempo em que a ignorância veste capa de convicção, e o individualismo se sobrepõe ao bem comum.

Recordo com saudade dos tempos da minha infância, nas décadas de 70 e 80, quando a fé popular era forte nesta região. Via minha mãe, Luzia Joaquina Rosa, rezar ao pé do cruzeiro, com flores e água, pedindo chuva. E a chuva vinha. Hoje, parece que perdemos até a fé. Acumulamos diplomas, debatemos teologia, discutimos política, mas esquecemos de amar, de cuidar, de viver com compaixão.

A polarização nos fragmenta. Ser de direita ou de esquerda virou rótulo de guerra. Uns defendem o crescimento econômico e a propriedade privada, outros os direitos humanos e a igualdade social. Mas ninguém parece disposto a enxergar que estamos todos no mesmo barco — e que ele está fazendo água. Em vez de unirmos esforços para salvar o que resta, preferimos discutir quem tem razão, enquanto afundamos.

Falta-nos inteligência emocional e espiritual para compreender a gravidade da situação. Falta-nos humildade para reconhecer erros e coragem para mudar. Falta-nos fé — não apenas religiosa, mas fé no ser humano, no coletivo, na esperança.

Talvez seja hora de rezar mais. A oração pode não mudar o clima de imediato, mas pode mudar corações. E corações transformados são capazes de atitudes novas. Oremos, sim — mas também plantemos, cuidemos, eduquemos, escutemos.

Porque, do jeito que vamos, só nos restará o vazio de uma terra arrasada e o eco de nossas próprias escolhas. E que Deus tenha piedade de nós.

 


segunda-feira, 9 de setembro de 2019

É preciso proteger melhor o meio ambiente


Um grito ecoa no deserto! 
Bandeira de Iporá

Agropecuarista na região de Jaupaci, médico Elias Araújo Rocha vê com preocupação as queimadas em nossa região, informa nas redes sociais, em publicação 09 de setembro de 2019, que houve um grande incêndio na região do rio Poções atingindo 11 fazendas. Houve a ação de bombeiros de Iporá e Jataí para controlar a situação e evitar mais prejuízos a agropecuária e ao meio ambiente.

Nesses incêndios dizimam-se animais silvestres, espécies diversas da nossa flora e também prejudica as pastagens.  Uma tristeza sem fim bem próximo de nós, mas as vezes, nossa atenção fica voltada para o que é notícia na grande mídia, esquecemos o que ocorre a nosso redor. É claro que vivemos na aldeia e no global, o que afeta diretamente uma localidade traz reflexos a todo o planeta, mas não enxergar um palmo a frente de nosso nariz é muito ruim.

O médico reclama da falta de atenção da imprensa regional para esses incêndios, e com razão, é preciso noticiar, debater com mais intensidade nosso cotidiano na região Oeste de Goiás. O rádio, os sites de notícias as vezes até que fazem isso, mas muito aquém do que deveria ser feito.  
É preciso cuidar melhor de nossa casa comum, evitar queimadas, produzir a menor quantidade de lixo, dar destino correto aos nossos resíduos sólidos, tratar o esgoto sanitário, parar de contaminar o lençol freático e diminuir a sua exploração desenfreada com a perfuração de poços artesianos. Reciclar, reinventar o nosso viver para uma vida melhor a todos.

Morte na G0 060, no período de emergência decretado pelo Governo.


A irresponsabilidade governamental aliada a imprudência e imperícia no transito provoca mortes em todo o país, e também em nossa região Oeste de Goiás. Muito cuidado ao conduzir um veículo.

Faleceu na sexta- feira dia 06/09/2019  na rodovia Go 060, Israelândia,  desvio da ponte do exército Gersicley de Souza 29 anos, condutor de um caminhão, o acidente ocorreu por volta das 10 horas da manhã.

Chegando ao local os bombeiros militares comandados pelo  St Aliciomar por volta das 11:30h, depararam com a cena resultante de uma colisão frontal entre um caminhão e um Honda city, no desvio da ponte da Go 060. Vanessa Cristina Ressa souza 35 anos, estava no veículo Honda city, foi transportada a UPA ( Unidade de pronto atendimento) de Iporá com dores na coluna.

Esse problema na G0 060 iniciou-se com o rompimento de um bueiro no final de semana dia 09 março de 2019. A rodovia de grande movimento e de muita importância para a região, já que liga Goiás a Mato Grosso foi desviada por trechos alternativos sem asfalto. 

O Governador Ronaldo Caiado (DEM) fez visita in-loco, decretou no dia 14 de maço de 2019 estado de emergência aos municípios : Amorinópolis, Arenópolis, Baliza, Bom Jardim de Goiás, Caiapônia, Diorama, Doverlândia, Iporá, Israelândia, Jaupaci, Palestina de Goiás e Piranhas.
E determinou agilidade para resolver a situação à Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) que deveria adotar medidas urgentes para reparação dos trechos prejudicados.
Vencendo o decreto, hoje dia 09 de setembro, a situação permanece a mesma, bem mesmo a ponte de ferro construída pelo exército funciona, temos problemas com sinalização adequada no trajeto do desvio. 

A situação é essa, degradante, e o governo a passos de tartaruga para resolver o problema que parece pequeno diante da dimensão do estado. 

O que causa estranheza é o silencio do governo para essa situação, não se fala em como será a recuperação, reconstrução da ponte, obra iniciada e parada. O decreto de emergência serviu pra quê?

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Mundo atual, eu tenho a força



Crônica: A minha força pode expor minha fraqueza
Por Pedro Cláudio

Vivemos tempos em que o grito é confundido com razão, e a força — muitas vezes disfarçada de opinião — nada mais é que a máscara de uma fragilidade mal resolvida. Há em nós, humanos, uma mania antiga e persistente: querer conduzir o enredo, ditar o rumo, escrever o último capítulo da história como se fôssemos os únicos autores da verdade.

Isso sempre existiu, mas neste início de século XXI, tornou-se um espetáculo diário. Nas redes sociais, qualquer um se transforma em especialista. Não importa o tema: ciência, política, religião ou até meteorologia. O saber cede espaço à convicção. Não se consulta a fonte, ignora-se o contexto, e o pretexto é sempre o mesmo — eu tenho o direito de opinar.

Sim, todos temos esse direito. Mas o que poucos lembram é que junto dele vem o dever da responsabilidade. Quando a minha força de opinar se torna uma imposição, quando transformo minha voz em sentença e meu palanque em tribunal, corro o risco de revelar, sem perceber, a minha maior fraqueza: o medo de estar errado.

E aí está o problema. Passo a desqualificar tudo que me contraria. Se a notícia me incomoda, o problema não sou eu — é o jornal, é a imprensa, é o jornalista. De um segundo para o outro, passo a rotular: esquerdista, direitista, comunista, golpista, vendido. O adjetivo que escolho depende, é claro, da minha própria posição diante dos fatos.

Em vez de mudar de canal, desligar a TV, rolar a tela para cima ou buscar uma nova fonte, faço questão de consumir o conteúdo só para atacá-lo. Parece contraditório, e é. Mas também é humano. E perigoso.

Mais perigoso ainda é quando essa opinião rasa ganha microfone, púlpito, tribuna. Quando uma liderança, escolhida para representar um grupo, ignora o coletivo e impõe a sua visão como se fosse única. Essa força performática, teatral, gritante — que se pretende firmeza — pode colocar em risco todo um conjunto que não foi consultado, mas que será julgado pela fala de um só.

A humanidade, que já assistiu “bestializada” a muitos absurdos, como bem descreveu Aristides Lobo em 1889, agora assiste atônita às novas formas de manipulação. Lutamos ao lado de quem prega a intolerância, idolatramos discursos que ignoram os pobres, inferiorizam os negros, vilanizam os indígenas. E tudo isso em nome de um progresso que não hesita em arrancar árvores, contaminar rios, sufocar florestas.

Talvez um dia sejamos capazes de entender que a verdadeira força está em saber ouvir. Que o verdadeiro poder está em recuar, reconhecer limites, permitir o contraponto. E que a maturidade não se mede em decibéis, mas na sabedoria de saber quando calar é o maior gesto de respeito.

Porque, no fim das contas, a minha força — quando usada para calar o outro — não passa de um reflexo do que mais me apavora: o vazio que grita dentro de mim.