Num país onde a
corrupção corre a solta e, onde a indignação da maioria do povo não é capaz de
promover a recuperação do dano causado aos cofres públicos, onde a descoberta
do crime não se transforma em punição mas em benesses, como prisão domiciliar
em mansões ou privilégios em prisões do conforto de boa alimentação,
entretenimento, banho de sol, e coleguismo com os outros encarcerados, não pode
ser levado a sério.
Um país onde o
trabalhador paga o pato pelos crimes do colarinho branco, com leis severas para
beneficiar os ricos; um país onde se paga pela aposentadoria e não se terá
direito a ela, num país onde os pobres são tratados com desdém nas filas de
hospitais, não existe seriedade e nem esperança!
Aqui, igrejas, em nome de Deus, exploram o povo, constroem
grandes templos, garantem conforto a quem deveria só servir, onde, em nome da liberdade religiosa, pode-se enganar o próximo porque nunca haverá
punição.
Aqui, na terra do faz de conta, a
transparência é turva, a torpeza é garantia de futuro, o grito não ecoa, a fé
engana e a vida vale apenas a bala da arma, ou a sujeira da faca.
Revolução… Pra quê? Revoltar-se
pra quê? Recorrer-se a quem?
Aqui os salvadores da
pátria são algozes, os heróis são vilões, e os santos são demonizados e os
sonhos são pesadelos!
Despertar-se jamais! Acordar?...
Não existe esperança na terra de ninguém, aqui a vida está sempre por um
vintém, aqui é terra de ninguém.
Por Pedro Claudio Rosa,
Um ninguém na multidão
Iporá, Goiás, 12 de novembro 2017