A Opinião Externa e a Igreja Católica: Reflexões Necessárias
É sempre interessante observar as opiniões de pessoas que estão fora da Igreja Católica, especialmente quando desconhecem o Catecismo, a Doutrina Social da Igreja e a complexidade de uma instituição milenar como esta. Muitos ignoram que, embora exista um clericalismo ainda presente em algumas estruturas, há também espaço significativo para a participação dos leigos — homens e mulheres que são ouvidos. Um exemplo claro é o Sínodo convocado pelo Papa Francisco, cujo objetivo é justamente escutar o povo de Deus, promover a escuta mútua e discernir juntos os caminhos da Igreja.Entretanto, o que chama atenção são as tentativas de impor uma visão ideológica ou política sobre a Igreja, especialmente por parte de quem não participa da vida eclesial. Recentemente, me deparei com uma dessas “pérolas” de opinião: “A esperança de todos os brasileiros e das pessoas de bem de todo mundo é que venha um Papa que condene o Marxismo. Esse regime nefasto é intimamente ligado à Teologia da Libertação, aceita e praticada pelo Papa Francisco. Não à toa, ele estava sempre recebendo criminosos da esquerda, como Fidel Castro, Stédile do MST, e muitos outros.”
Esse tipo de colocação ignora completamente a história da Igreja e seu papel no diálogo com o mundo. A Teologia da Libertação, embora tenha sido corrigida em vários pontos pela Igreja ao longo do tempo, nasceu de uma preocupação legítima com os pobres e marginalizados — preocupação essa que está no coração do Evangelho. Reduzir esse esforço pastoral a uma simples “aliança com o marxismo” é não só um equívoco, como uma injustiça.
A Igreja Católica não é uma “casa da sogra”, como diz o ditado popular, onde todo mundo chega e dita regras. É uma instituição fundamentada na tradição, na razão, na fé, composta por intelectuais, teólogos, doutores, pós-doutores e fiéis que vivem intensamente sua experiência cristã. Isso não a torna fechada ao diálogo — muito pelo contrário. Mas exige respeito e responsabilidade ao opinar.
É claro que todos têm direito à sua opinião — inclusive sobre a Igreja. E, dentro de uma sociedade democrática, o debate é saudável. No entanto, é essencial que esse debate seja feito com conhecimento, empatia e respeito à fé de milhões. A crítica desinformada mais atrapalha do que contribui.
Que venham as opiniões — sim! — mas que elas venham com disposição para ouvir, entender e, quem sabe, aprender. Pois, no fim das contas, é assim que todos podemos caminhar juntos, ainda que por caminhos diferentes.
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