quinta-feira, 3 de julho de 2025

Minha fé, minha esperança, minha fortaleza!

 “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5,1)

Por Pedro Cláudio, diácono permanente, em férias do trabalho, junho de 2025, expondo pensamento e opinião pessoal.


Deus nunca é peso. A missão que vem d’Ele jamais oprime. Quando o que você faz, mesmo em nome de Deus, se transforma em fardo, cansaço espiritual e opressão, cuidado: isso pode não ser a missão divina, mas sim um projeto humano. Pode ser que você esteja sendo manipulado por pessoas, grupos ou estruturas que se escondem atrás de um verniz religioso para manter privilégios ou exercer poder.

Jesus foi claro ao dizer:


“Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”
(Mateus 11,28-30)

Se o que você faz é com alegria, com a certeza interior de que está colaborando para algo maior e bom, com paz no coração e sem buscar recompensa, então você está servindo a Deus. Porque Ele não deseja sacrifícios vazios, nem quer que você se anule:

“Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância.”
(João 10,10)

Infelizmente, muitos estão engajados em atividades religiosas não por fé viva, mas por medo da condenação, por desejo de agradar líderes religiosos ou por status social. Entram em grupos, dedicam tempo, participam de eventos, mas com o coração distante, presos à ideia de que isso “compra” a salvação. Isso não é fé — é submissão a um sistema.

Deus não se alegra com aparências:

“Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim.”
(Isaías 29,13, citado por Jesus em Mateus 15,8)

A fé verdadeira amadurece com o tempo, com a experiência. Não se trata de fazer tudo o que mandam, mas de viver segundo a liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8,14-15).
Posso dizer, com mais de 40 anos de caminhada na Igreja, que minha fé não foi abalada, mas se tornou mais consciente, firme e serena. Hoje vejo com clareza que muitas das obrigações impostas nada tinham a ver com o Evangelho de Jesus, e sim com interesses de homens.

Não acredito em “espantalhos espirituais” criados para gerar medo e depois oferecer a solução “mágica” por parte de alguns. Isso não é Evangelho, é estratégia de manipulação.
Jesus não prometeu sinais extraordinários a quem duvida:

“Nenhum sinal será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas.”
(Mateus 12,39)

Jonas passou três dias no ventre da baleia — figura que os evangelistas associam aos três dias de Cristo no sepulcro. Esse é o sinal máximo: a Ressurreição. Já temos tudo o que precisamos para crer. Quem quer mais que isso, talvez não esteja buscando fé, mas espetáculo.

Portanto, viva com confiança. Você é filho do Bem, do Deus Criador, e não de um mal oculto que te vigia. Você nasceu para ser feliz.
Peça sabedoria, como Salomão pediu:

“Concede, pois, ao teu servo um coração cheio de sabedoria para julgar o teu povo e discernir entre o bem e o mal.”
(1 Reis 3,9)

Livre-se das amarras impostas por pessoas mais espertas que se aproveitam da boa-fé alheia.
“Onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade.” (2 Coríntios 3,17)

Com fé, com liberdade, com alegria no serviço,
Pedro Cláudio
Diácono Permanente – em férias, mas sempre atento.

Crônica de um debate entre vozes inquietas


 

Crônica de um debate entre vozes inquietas
Por Pedro Cláudio

03 de julho de 2025. O cenário político brasileiro segue seu curso tortuoso, entre reformas que não reformam, narrativas que se anulam e uma população, como diria Emília Viotti na clássica obra Da Monarquia à República, “abestalhada” – atônita diante do espetáculo repetitivo do poder.

Foi nesse contexto que surgiu mais uma troca de ideias nas redes sociais entre mim e o professor e comunicador Valteir Santos. Ele publicou uma daquelas verdades incômodas que circulam pouco fora dos grupos engajados:

“O Congresso é um CLUBE DE MILIONÁRIOS!
93% dos deputados estão entre os 10% mais ricos do Brasil.
18% são super-ricos, donos de fortunas acima de R$ 50 milhões.
E só 7% representam os 90% do povo.
Enquanto isso, eles:
Liberam isenção pra jatinhos em 72 dias.
Liberam cassinos em 45 dias.
Cortam impostos de iates em 2 meses.
Mas a isenção no seu imposto de renda? 11 meses parada!
CongressoInimigoDoPovo
Quer mudar isso? Vote em quem luta pelo POVO.
Cobre o seu deputado, cobre o seu senador.
Exija a votação do PL 2741,
que isenta o IR sem cortar benefícios,
taxando os super-ricos.
Abra o olho. Não se deixe enganar!”

Li, respirei fundo e comentei, talvez mais com desalento do que com esperança:

“Valteir, e pelo jeito vamos continuar assim…
Parece que estamos presos num ciclo vicioso. Veja a dificuldade que é convencer os eleitores a mudar de opinião.
É como aquele cachorrinho com cócegas no rabo: gira, roda, se cansa tentando morder o próprio incômodo, mas não sai do lugar.”

É frustrante. A realidade que tentamos expor com dados, com argumentação sólida, parece competir com memes, manchetes inventadas, vídeos editados com má intenção — e perder.

A política virou entretenimento, torcida, meme e fake news. As redes sociais, muitas vezes intoxicadas por desinformação, convencem mais do que qualquer esforço de análise séria. É o mundo da pós-verdade: onde o “sentir” supera o “saber”, e onde a mentira repetida com raiva se impõe sobre o dado falado com calma.

E nós? Seguimos aqui, falando, resistindo, tentando provocar alguma reflexão. Mas, sinceramente, tem dias em que parece uma batalha contra moinhos de vento. A sensação de impotência nos visita — e com frequência.

Ainda assim, Valteir, seguimos. Porque, apesar de tudo, ainda acreditamos que pensar, mesmo que doa, é o primeiro passo para mudar.